Michelle Obama em evento de apoio à candidatura do marido em Los Angeles, em fevereiro. Ao fundo o cantor Stevie WondeSimpatia de Michelle Obama é arma de campanha
![]() Michelle Obama em evento de apoio à candidatura do marido em Los Angeles, em fevereiro. Ao fundo o cantor Stevie WondeSimpatia de Michelle Obama é arma de campanha |
Ninguém confunde Michelle Obama com seu marido, na campanha. Perguntado se selecionaria a senadora Hillary Clinton como vice em sua chapa presidencial, em um debate em Los Angeles, ele respondeu que "o nome dela certamente estaria em todas as listas". Mas quanto um entrevistador de televisão perguntou a Michelle Obama se ela apoiaria Hillary, caso ela conquiste a indicação, sua resposta foi muito menos generosa.
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"Eu teria de pensar a respeito", disse Michelle no programa "Good Morning America", da rede de TV ABC. "Teria de pensar sobre suas idéias políticas, sua abordagem, o tom que ela adota". Franca, voluntariosa, divertida, repleta de garra e ocasionalmente sarcástica, Michelle Obama está desempenhando papel central na série de sucessos que a campanha de seu marido vem obtendo, entre os quais as vitórias por larga margem na Virgínia, Maryland e Distrito de Colúmbia, na terça-feira.
O estilo de Michelle Obama como pessoa - aberto, confortável quanto às dificuldades da vida em campanha e muitas vezes um tanto mais brusco que o de Obama - atrai muitos eleitores, e representa um lado mais combativo da política, o que permite que o senador se mantenha acima dessas disputas. "Estou tentando ser o mais autêntica que posso", disse Michelle Obama em entrevista. "Minhas declarações derivam de minhas experiências, observações e frustrações".
Michelle Obama afirma que não gosta de política, e insiste em que não haverá uma segunda tentativa de conquistar a indicação presidencial, caso seu marido saia derrotado desta vez, mas ela certamente aprecia uma boa briga, o lado competitivo do processo.
No começo, ela tinhas dúvidas significativas sobre a candidatura do marido. Pressionou os assessores por planos detalhados quanto à maneira pela qual a campanha arrecadaria dinheiro e competiria contra Hillary e os demais pré-candidatos. Ela aprovou a idéia depois de estudar os planos expostos em reuniões de estratégia conduzidas no final de 2006, nenhuma das quais ela perdeu.
Agora Michelle Obama está envolvida com aspectos decisivos da campanha, e sempre protege ferozmente a imagem de seu marido. Embora o casal Obama raramente viaje unido em campanha, eles se dividem para cobrir mais território, mais ou menos como fazem os Clinton, Michelle Obama mantém contato constante com os principais assessores de seu marido, e os temas de que ela trata são formulados pelos mesmos estrategistas que assessoram o senador.
"A estratégia é não limitá-la a uma única categoria de audiência", diz Valerie Jarrett, amiga íntima da família e assessora da campanha. Quando os dois eram crianças, em Chicago, conta Craig Robinson, o irmão de Michelle, ela não gostava de assistir a jogos de basquete de resultado indefinido até o final, mas sempre acompanha os jogos em que um time ganhava fácil.
"Ela não gostava do estresse que assistir jogos assim causava", diz Robinson, hoje técnico do time de basquete masculino da Universidade Brown. "Aliás", ele diz, sobre a campanha, "é mais difícil ver Barack nessa disputa do que assistir ao meu time. Muito mais difícil ver alguém que você ama disputando uma parada tão acirrada".
Michelle Obama, 44 anos, passa do 1,80 m quando usa saltos, e é uma figura vistosa em suas roupas de corte elegante. Formada em Direito pela Universidade Harvard, ela era executiva em um hospital e ganhava US$ 212 mil ao ano, antes de se licenciar para acompanhar a campanha do marido em 1° de janeiro. Michelle Obama costuma fazer vigorosos discursos de 40 minutos de duração nos quais trata de assuntos complexos como educação ou a estratégia militar no Iraque sem recorrer a anotações.
Mãe coruja de duas meninas, ela ocasionalmente deixa o público de seus discursos esperando enquanto conversa com Sasha, 6 anos, e Malia, 9 anos, pelo telefone. Michelle Obama teve de aprender a dominar seu humor ocasionalmente ferino, que muitas vezes toma o marido por alvo. (Ela já não fala em público sobre o fato de o marido acordar cheirando mal, como certa vez contou à revista Glamour, ou sobre a mania dele de esquecer a manteiga fora da geladeira.)
"Aprendi que o meu tipo de humor não funciona bem no papel, pelo menos não sempre", ela disse. "Mas, quando falo em pessoa com uma platéia, eles me entendem, entendem o humor, a piada, o sarcasmo".
As platéias de Michelle Obama costumam rir. Contando sobre o tempo que demoraram para liquidar o saldo devedor de seu crédito estudantil (eles só terminaram de pagar dois anos atrás), ela disse a uma platéia em uma igreja de Cheraw, Carolina do sul, que "continuo esperando pela fortuna de Barack". O público riu. Michelle emendou: "Me disseram que somos parentes de Dick Cheney! Talvez venha alguma coisa de lá".
A franqueza de Michelle Obama ocasionalmente força o pessoal da campanha a explicar o que ela quis dizer. No caso das declarações sobre Hillary, assessores explicam que, em um trecho que não foi ao ar, Michelle reconheceu que, como militante democrata leal, ela apoiaria Clinton, caso ela fosse indicada.
Michelle Obama também fala com franqueza sobre assuntos mais corriqueiros, como por exemplo explorar a mãe para tomar conta de suas crianças, nessa temporada de viagens incessantes. Ela não conta com uma babá. "Graças a Deus pela vovó!", disse ela mais de uma vez durante a campanha, acrescentando que "não conseguiria respirar" caso imaginasse que suas meninas, que estudam em uma escola privada de Chicago, estivessem sendo negligenciadas em função da campanha.
"Eu passo muito tempo me preocupando sobre como acompanhar as vidas delas, em meio a isso. Barack e eu o fazemos. Como manter nossas tradições? São coisas que nos preocupam a cada dia", disse Michelle Obama.
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